quarta-feira, 4 de abril de 2012

Solicitação

AO EXCELENTISSIMO SENHOR MINISTRO DE ESTADO DA JUSTIÇA

NEYDE GUIMARAES PINHEIRO MONTEIRO, Brasileira, funcionária pública aposentada, viúva, natural da cidade de Pinhal, Estado de São Paulo, nascida no dia 22 de dezembro de 1922, Carteira de Identidade de nº 1452 do Ministério da Aeronáutica, como pensionista, residente na Rua Ronald de Carvalho nº 21 apto 203, Copacabana, RJ, vem respeitosamente requerer a V.Exa. a promoção para o posto de Brigadeiro-do-Ar para meu falecido marido Coronel-Aviador ALFEU DE ALCÃNTARA MONTEIRO, morto pelo Cel Av Roberto Hipólito da Costa, em 04 de abril de 1964 na Base Aérea de Canoas, Rio Grande do Sul, Porto Alegre.

Que tal pedido se faz jus de conformidade com a Lei nº 10.559 de 13 de novembro de 2002, amparada nos seguintes artigos da citada lei.

Artigo 6º, § 3º - As promoções asseguradas ao anistiado político independerão de seu tempo de admissão ou incorporação de seu posto ou graduação sendo obedecidos os prazos de permanência em atividades previstos nas leis e regulamentos vigentes, vedada a exigência de satisfação das condições incompatíveis com a situação pessoal do beneficiário.

Art. 13. No caso de falecimento do anistiado político, o direito à reparação econômica transfere aos seus dependentes, observados os critérios fixados nos regimes jurídicos dos servidores civis e militares da União.

Parágrafo único. Tratando-se de anistia concedidas aos militares, as reintegrações e promoções, bem como as reparações econômicas, reconhecidas pela Comissão, serão efetuadas pelo Ministério da Defesa, no prazo de sessenta dias após a comunicação do Ministério da Justiça, à exceção dos casos específicos no art.2º, inciso V, desta Lei.

Que conforme DECRETO DE Nº 91.725, DE 30 DE SETEMBRO DE 1985: Regulamenta para a Aeronáutica, a Lei nº 5 821, de 10 de novembro de 1972, que dispõe sobre as promoções dos Oficiais da Ativa das Forças Armadas.

SEÇÃO III

DA PROMOÇÃO ‘POST MORTEM’

Art. 20 – Será promovido “post mortem” o Oficial que, ao falecer, se enquadre nas situações previstas no Artigo 30, da Lei nº 5 821, de 10 de novembro de 1972 –(LPOAFA).

Parágrafo único – A data de promoção a ser efetivada na forma deste artigo retroagirá à data de seu falecimento.

Que o artigo 1º do Decreto nº 57.272/65 reza que é considerado acidente de serviço, para efeitos previstos na legislação em vigor, relativa às Forças Armadas, aquele que ocorra com militar da ativa quando, no exercício das atribuições funcionais, durante o expediente normal, ou, quando determinado por autoridade competente, em sua prorrogação ou antecipação. (caso do Coronel Alfeu de Alcântara Monteiro)

Que o artigo 1º da Lei nº 6.683 de 28.08.1979, dispõe; É concedida anistia a todos quantos, período compreendido entre setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979, cometeram crimes políticos ou conexos com estes, crimes eleitorais, aos que tiveram seus direitos políticos suspensos e aos servidores da Administração Direta ou Indireta, de Fundações vinculadas ao Poder Público, aos servidores dos Poderes Legislativos e Judiciários, aos militares e aos dirigentes e representantes sindicais, punidos com fundamento em Atos Institucionais e Complementares. (Vetado)

§ 1º Consideram-se conexos, para efeito deste artigo, os crimes de quaisquer natureza relacionados ou praticados por motivação política.

Art. 2º Os servidores civis e militares demitidos, postos em disponibilidade, aposentados, transferidos para reserva ou reformado, poderão, nos cento dias seguintes à publicação desta Lei, requerer o seu retorno ou reversão ao serviço ativo:

I – se servidor civil ou militar, ao respectivo Ministro de Estado.

Que segundo o que reza o DECRETO Nº 49.096 DE 10/10/1960 nos seus artigos a seguir:

Art. 2º - A pensão militar será paga, mensalmente, aos beneficiários e corresponderá:

b) a 25 (vinte) vezes a contribuição, quando o falecimento do contribuinte se tenha verificado em conseqüência de acidente ocorrido em serviço ou de moléstia nele adquirida;

c) a 30 (trinta) vezes a contribuição, se a morte do contribuinte decorrer de ferimento recebido, de acidente ocorrido, ou de moléstia adquirida, tanto em operações de guerra, como a defesa ou na manutenção da ordem interna.

Art. 71 – A pensão militar pode ser requerida a qualquer tempo, condicionada, porém, a percepção das prestações mensais à prescrição qüinqüenal.

Parágrafo único – O disposto neste artigo aplica-se aos casos de melhorias de pensão decorrentes das promoções que forem requeridas pelos beneficiários, após a morte do contribuinte.

A seguir cópia autenticada – Ministério da Aeronáutica comunica morte do Coronel Aviador Alfeu de Alcântara Monteiro EM SERVIÇO.

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COPIA AUTENTICADA – MINISTERIO DA AERONAUTICA-DIRETORIA DE PESSOAL- Rio de Janeiro, 9 de abril de 1964 BOLETIM Nº 65- PARA CONHECIMENTO DO PESSOAL DA AERONAUTICA E DEVIDA EXECUÇÃO PUBLICO SEGUINTE: PRIMEIRA PARTE – SERVIÇOS DIÁRIOS E INSTRUÇÃO (Sem alteração) SEGUNDA PARTE – PESSOAL –I – MILITAR DA ATIVA. – FALECIMENTO DE MILITAR – TRANSCRIÇÃO DE RÁDIO: Transcreve-se para os devidos fins, o seguinte rádio: COLV JJ PESARER SERJ ///242/AX/0503 – ESTE COMANDO CUMPRE O DOLOROSO DEVER COMUNICAR FALECIMENTO EM SERVIÇO TEN CEL AV ALFEU DE ALCÂNTARA MONTEIRO ADIDO ESTE QG VG OCORRIDO 04 ABR PT ZONAER 5. (a) Major Brigadeiro do Ar – JOSÉ DE SOUZA PRATA – Diretor Geral do Pessoal – CONFERE COM O ORIGINAL (a) H.M. FONSECA E SILVA –Major Av – No impedimento do Chefe de Gabinete/////// CONFERE COM O ORIGINAL DO BOLETIM : DIRETORIA DO PESSOAL DA AERONÁUTICA (DP2) 17 de junho de 1964.

PAULO SALGUEIRO

Tem Cel Av-Chefe da 2ª Divisão

DP/HLS

QUE, logo após sua morte no dia 5 de abril:

O SENHOR PRESIDENTE DA REPÚBLICA

R E S O L V E considerar promovido ao posto de Coronel, em 05 de abril de 1964, nos termos do artigo 1º da Lei nº 288, de 08 de junho de 1948, o falecido Tenente-Coronel Aviador – ALFEU DE ALCÃNTARA MONTEIRO, ficando assegurados aos seus herdeiros os direitos decorrentes do posto a que é considerado promovido, a partir da data do óbito, visto haver cumprindo missões de patrulhamento no Atlântico Sul.

Brasília, DF, 22 de julho de 1964; 143º da Independência e 76º da República.

Aas. Castello Branco

Maj. Brig. Wanderley

QUE, o coronel Alfeu de Alcântara Monteiro faz jus ao posto de Brigadeiro do Ar, porque morreu dentro do QG que estava de prontidão. Estava fardado, quando fora chamado ao Gabinete pelo novo Comandante da 5ª Zona Aérea que acabara de assumir aquele Comando, logo após a REVOLUÇÃO DE MARÇO DE 1964. Portanto em Serviço. Promoção esta que foi escamoteada. Pois que ele tinha direito a duas promoções. A de Atlântico Sul e outra pela morte em SERVIÇO, como atesta comunicado supracitado.

RESUMO DOS FATOS

Que o Coronel Alfeu de Alcântara Monteiro tinha sido excluído e desligado daquele QG em 31 de março de 1964, com 30 dias de trânsito, à vista de ordem de matrícula em Curso da ECEMAR, Rio de Janeiro.

Que antes de ser desligado havia passado o comando da Base aérea de canoas ao Maj.Brig. do Ar Nelson Freire Lavanère Wanderley, dentro das normas protocolares e regulamentos militares sem o menor incidente. Logo após a cerimônia de transmissão ao novo Comandante, foi para casa.

Que sábado à noite de 04 de abril de 64, naquele dia, ele estava na Rua da Praia quando foi convocado para comparecer à sala do comandante por ordem do Major Brigadeiro Wanderley.

Que fechados na sala do comando se encontravam presentes quatro militares entre eles o Cel Av Leonardo Teixeira Collares, Chefe do Estado Maior da 5ª Zona Aérea, inclusive amigo do Alfeu como era desde a época em que eram cadetes.

Que o Collares foi convocado juntamente com o major aviador Pirro de Andrade a presenciar a entrevista que o novo Comandante Lavanère Wanderley iria ter com o Alfeu. Acredito que o Collares não teve ciência de que a convocação seria para prender o tenente-coronel-aviador Alfeu de Alcântara Monteiro. Todavia o Brigadeiro Wanderley havia determinado a prisão de todos os legalistas, faltava apenas o meu marido.

Que o Alfeu quando recebeu a ordem para comparecer à Base Aérea pressentiu o motivo daquela convocação. “““ “““ Tanto que, desconfiado, comentou na cantina dos oficiais com outros colegas enquanto aguardava à hora para apresenta-se ao novo comandante”.” Se ele achar de me prender não me entrego”

Que assim que o Alfeu se apresentou diante do novo comandante, Maj.Brig. do Ar Nelson Freire Lavanère Wanderley, que estava sentado na mesa do comando, que já pertencera ao Alfeu, simplesmente comunica-lhe que de agora em diante era ele quem dava as ordens!

Que ato continua abriu a gaveta para pegar a pistola e dar voz de prisão, não lhe dando permissão para viajar para o Rio de Janeiro onde iria fazer o Curso do estado Maior das Forças Armadas, ECEMAR.

Que com a mão ainda dentro da gaveta informou-lhe:

“Coronel considere-se detido em nome da Revolução” O Alfeu recuou alguns passos olhou para o Collares e lhe disse: ”Jamelão (apelido carinhoso do Collares) afaste-se daí” E voltando-se para o Brigadeiro gritou;

“Retire essa ordem! É ilegal. Eu estava defendendo a autoridade legítima eleita pelo povo. Tu não podes me prender. Não fico preso sem motivo. Daqui só saio morto.”

Que de costas is se retirando armado quando foi surpreendido pelo cel av. Roberto Hipólito da Costa que abrira a porta do gabinete chegando ali repentinamente. Nisto o Hipólito tentou bloquear-lhe o caminho e não sendo atendido não hesitou. Fuzilou-o a queima-roupa pelas costas.

Que segundo testemunhas da época o coronel já ferido mortalmente com várias balas de arma de fogo, virou-se de frente para o seu algoz, que disparou nova rajada de tiros atingindo-o desta vez pela frente. Que Alfeu com a arma na mão ferida disparou a esmo, atingindo acidentalmente o Maj.Brig. do Ar Nelson de raspão, na cabeça. O coronel Hipólito que estava agachado em posição de atirador não foi atingido.

Que os tiros que o Brigadeiro recebeu na testa provam que o Alfeu já estava caído quando revidou a agressão do Hipólito fato que corrobora que se o Alfeu tivesse atirado de imediato no Brigadeiro ele estaria morto. Mesmo para quem está armado de frente para uma pessoa é impossível não matá-la, quanto mais que o Alfeu era exímio atirador.

Que o exame de balística sugere que os tiros dados pelo Alfeu foram de baixo para cima, confirmando que ele já estava ferido quando atirou. A trajetória da bala que atingiu o Brigadeiro pode não ter sido a do Alfeu. O que se confirmou foi o laudo de necropsia que atesta que meu marido foi atingido por tiros disparados de uma posição fora de seu campo de visão.

Que o Alfeu caído, ferido e ensangüentado, foi largado em frente à escrivaninha da sala do comando. Ninguém tentou socorrê-lo. Alias, houve até certo cerceamento no sentido de que fosse socorrido na Base Aérea, onde inclusive naquele momento trágico se encontrava o Dr. Medeiros médico militar...

Que só foi atendido devido ao fato de alguns sargentos tentarem se sublevar quando souberam do crime. Então acorrera para socorrer-lhe. Os golpistas diante daquele impasse permitiram que um cabo chamado Oséias Reck o levasse para o Pronto-Socorro em Porto Alegre.

Que lá ainda chegou com vida tendo sobrevivido por meia hora depois de dois plantonistas tentarem estancar a hemorragia galopante devido às perfurações...

QUE fatos a esse respeito me foram relatados por uma freira que estava presente no momento em que o Alfeu chegara ferido no Pronto-Socorro. Ela me disse que ele não comentou o acidente. Apenas comentou que sua mulher e filhos moravam no Rio de Janeiro. Depois lhe disse: “Matam meu corpo, porém minha alma é livre”, “Tenho minha consciência tranqüila, porque morro no cumprimento do dever.”

Que assim morria, às 23h55m do dia 04 de abril de 1964 serenamente como um herói.

QUE os dois médicos que atenderam meu marido não quiseram comentar o acidente com receio das conseqüências.

QUE no relato do livro de Nilmário Miranda “dos filhos deste solo”, há a discrição do fuzilamento do Alfeu com uma rajada de metralhadora pelas costas.

QUE para abafar o assassinato brutal, o próprio Presidente Castello Branco, pessoalmente, tratou de abafar o episódio, quando o Jornal Correio do Povo de Porto Alegre noticiou no dia seguinte que o corpo do coronel Alfeu de Alcântara Monteiro estava sendo velado na Base Aérea de Canoas. A causa não foi indicada. (É óbvio)

Que o Brigadeiro-Lavanère-Wanderley foi o primeiro ministro da Aeronáutica de Castello Branco, assumindo a pasta 16 dias após a morte do Alfeu.

Que quanto ao cel. Av. Roberto Hipólito da Costa, apesar das inúmeras evidências contra foi absolvido. Pudera era sobrinho do Presidente Castello Branco. Logo depois deste trágico e vergonhoso crime, Hipólito seria mandado uma longa missão em Washington. Ficando assim longe do repudio dos colegas que lamentaram profundamente seu ato.

Que conforme RADIO 242/AX/0504/1964, do então Comandante da 5ª ZONA AEREA, e de acordo com O Parágrafo 2º do Artigo 1º da LEI 5195 de a4 de dezembro de 1963 foi seu falecimento considerado em objeto de serviço.

QUE, o Art. 2º do Regulamento de Promoção Post-Mortem dos militares da Aeronáutica reza o seguinte: “Para efeito da letra “c” do artigo anterior (“c” acidente em serviço), considerar-se-á acidente em serviço o ocorrido com o militar da Aeronáutica durante execução de missão para a qual havia sido escalado, no cumprimento de ordens ou de obrigação funcional, na locomoção de sua residência para Organização em que servia ou local em que trabalhava ou em que a missão deveria ter início ou prosseguimento e vice-versa e nas viagens de trânsito de outra localidade, no exercício de suas funções.”

Finalmente roga a Sua Excelência Ministro de Estado da Justiça que promova a reparação ao Coronel-aviador Alfeu de Alcântara Monteiro, grande vítima de todo aquele trágico evento, promovendo-o Post-Mortem ao posto de Brigadeiro-do-Ar por ser de legítima Justiça.

Nestes Termos

P. Deferimento

Rio de Janeiro,

Neyde Guimarães Pinheiro Monteiro

terça-feira, 7 de abril de 2009











MEMORIAL

DA REVOLUÇÃO DE
1964

Nas guerras e revoluções prevalece o mais
forte e nem sempre ele tem razão.


Ano 1961
Prólogo da
Revolução de 64
Durante quarenta e cinco anos da historia política desse país tive a esperança de que os fatos relacionados com o assassinato, do meu marido, Coronel- Aviador Alfeu de Alcântara Monteiro, na Base Aérea de Canoas fosse esclarecido. Crime cometido pelo então Coronel-Aviador Roberto Hipólito da Costa, sobrinho do ex-presidente Castello Branco, no dia 4 de abril de 1964.
No intuito de resgatar memória do Coronel-Aviador Alfeu de Alcântara Monteiro de rebelado a herói, passo a relatar fatos que levaram os militares envolvidos a cometerem aquele crime.



HISTÓRICO
Ano 1961

Em 1961 o Tenente-Coronel-Aviador Alfeu de Alcântara Monteiro foi exonerado do Comando de Segurança Nacional, ficando 90 dias sem função e vencimentos, sob a alegação de era antijanista. No terceiro mês de afastamento foi classificado em Recife. Contrariado dirigiu carta ao Ministério da Aeronáutica alegando sua pretensão de que posto conveniente seria Porto Alegre. Procrastinaram. Por final pretensão concedida.
Faltavam seis dias para que o Presidente Jânio Quadros completasse sete meses de governo, quando numa tarde de 25 de agosto de 1961,para espanto geral da Nação, renunciou a presidência. O país recebeu essa noticia em estado de choque. Renúncia aceita em tempo recorde pelo Congresso Nacional.





Assumiu o governo o Presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzilli, então o primeiro na sucessão presidencial, provisoriamente, enquanto se aguardavam a volta do Vice-Presidente João Goulart que se encontrava na China em missão comercial diplomática.
Os ministros militares: Odílio Denys, da Guerra, Gabriel Moss, da Aeronáutica, Sílvio Heck, da Marinha se colocaram contra a posse do Vice-Presidente João Goulart sob o pretexto de que ele estava comprometido com as forças de esquerda. Foi neste contexto que o tenente-coronel Alfeu teve participação efetiva no desenrolar dos acontecimentos.




Alfeu e Brizola juntamente com seu filho.

O governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, cunhado do Jango, e amigo do Alfeu, se insurgiram contra os golpistas que tentavam impedir a posse de João Goulart na Presidência da República. Preparava-se para transmitir manifestos e mensagens legalistas pró posse do Jango, quando tomou conhecimento de que as emissoras locais haviam sido lacradas. A única Rádio que funcionou foi a Guaíba porque não transmitiu nenhum manifesto a favor. Inclusive o pronunciamento do marechal Lott defendendo a posse de João Goulart.




Foi então que Leonel Brizola lançou a Rede da Legalidade, transmitida dos porões do Palácio Piratini. Lauro Hagemann antigo repórter Esso da Rádio Farroupilha, 31 anos, se ofereceu para ler o material da Rede, por ser sua voz muito conhecida. Depois outros radialistas fizeram o mesmo.
Estava instalada a convulsão.
Os militares em Brasília exasperados com a resistência do governador Leonel Brizola, contra o golpe, se articulavam.
Por sua vez o General Machado Lopes, Comandante do III Exército tomou a decisão de apoiar a posse de João Goulart para evitar uma revolução no Rio Grande do Sul. Ele sabia que seus comandantes os Generais Pery Bevilaqua, que comandava a 3ª Divisão de Infantaria em Santa Maria e Oromar Osório, que comandava Uruguaiana, eram muito ligados ao Brizola. O General Pery jantava com ele uma vez por semana. Assim o Brizola apoiado por eles em Santa Maria e em Uruguaiana, levantaria a Brigada Policial, e ele General Machado Lopes teria que combatê-los fato que resultaria em revolução no Rio grande. Era exatamente o que muitos queriam inclusive o General António Carlos Muricy.






Logo após essa decisão o General Machado Lopes recebe do Gabinete do Ministério da Guerra mensagem transmitida às seis horas da manhã de 28 de agosto:
“O III Exército deve compelir imediatamente o Sr. Leonel Brizola a por termo à ação subversiva que vem desenvolvendo e que traduz pelo deslocamento e concentração de tropas (...). Faça convergir sobre Porto Alegre toda tropa do Rio Grande do Sul que julgar conveniente, inclusive a 5º DI, se necessário. Empregue a Aeronáutica, realizando inclusive o bombardeio, se necessário.”








Acontece que radioamadores capturaram a mensagem. A senha definitiva para o ataque aéreo, que também chegou a ser transmitida, era: “Tudo azul em Cumbica. Boa Viagem,” porque os caças da Base Aérea de Canoas, depois da missão, deveriam seguir para aquela base em São Paulo. Ordem do Estado Maior das Forças Armadas, transmitida pelo General Orlando Geisel, chefe –de - gabinete do Ministro Denys, para que fosse bombardeado o palácio Piratini.
No dia seguinte o General Machado Lopes comunicou ao General Denys que, daquele momento em diante, não receberia mais ordens dele, que ia agir por conta própria. Comunicado feito para o Orlando Geisel, chefe-de-gabinete, do Ministro Denys, porque segundo o general Machado Lopes era ele que mandava no Denys.
Em Canoas a tensão estava instalada.
Noticias contraditória circularam. Negando que a ordem de bombardeio não fora dada. Que na Base Aérea de Canoas havia 216 sargentos, cabos e soldados prisioneiros presos e cerca de 30 oficiais. A verdade é que a ordem foi confirmada.
Foi sob o comando do Ten-Cel-Av. Alfeu de Alcântara Monteiro, oficiais e sargentos que impediram que o Palácio Piratini, em Porto Alegre fosse bombardeado. O Coronel Alfeu havia assumido o Comando da 5ª Zona Aérea por determinação do General Machado Lopes, a quem era ligado. Substituiu o então Brigadeiro João Aureliano Passos, do comando daquela Unidade, que decidira acatar as ordens do Estado Maior das Forças Armadas para bombardear o Palácio. Ele era contrario ao movimento de Brizola. Razão porque foi destituído pelo General Machado Lopes. O Brigadeiro Aureliano Passos deixou a base com os oficiais levando os Gloster Meteor, que seriam utilizados no bombardeio da cidade, em numero de dez. Os aviões decolaram de Canoas e aterrissaram em Cumbica, sem as bombas a bordo, porque os aviões tiveram os pneus esvaziados e as bombas desligadas. Colocaram sacos de areia na pista de decolagem Proeza de um grupo de sargentos e pela presença da força-tarefa enviada pelo General Machado Lopes. Ordens cumpridas dadas pelo General Machado Lopes e Tenente- Coronel Alfeu Monteiro para desarmar todos os aviões, cada caça podia carregar uma bomba de 500 libras ou duas de 250 libras de explosivos que estavam prontos para bombardear o Palácio Piratini. Fato, se concretizado seria uma tragédia vitimizando milhares de pessoas, que se encontravam na Praça da Matriz, defronte ao Palácio Piratini. Ostentando bandeiras, faixas e fotos do de Jango e Brizola enquanto aguardavam pronunciamento do vice-presidente.
Graças ao Coronel Alfeu e ao General Machado evitou-se o massacre.






Por outro lado oficiais e praças rebelados permaneceram sob a custódia dos oficiais remanescentes. Serenaram-se os ânimos da tropa sob o controle, presença e o prestígio do Tenente-Coronel-Aviador Alfeu de Alcântara Monteiro.
No dia 5 de setembro o vice-presidente João Goulart telefonou para o General Machado Lopes, que lhe comunicou que iria esperá-lo como vice-presidente. Depois de uma longa viagem de volta da China, com escalas em Singapura, Paris, Nova Iorque e Montevidéu chega a Porto Alegre e finalmente a Brasília. Jango já havia concordado com o parlamentarismo, decisão com que Brizola não concordava.





Todavia essa volta não foi tranqüila. Oficiais golpistas da FAB montaram uma operação para derrubar o avião presidencial, a chamada “Operação Mosquito”. Militares contrários a ela juntaram-se com os sargentos e suboficiais de Brasília, contra atacaram com a “operação-tática” destinada a impedir que os aviadores golpistas pudessem cumprir aquele objetivo. A “Operação-Tática” foi realizada no Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, de onde partiria o avião presidencial. A manobra urgida pelos militares legalistas foi para impedir que os aeroportos do caminho obtivessem informações sobre o plano de vôo do avião presidencial, e que soubessem de dados meteorológicos enganosos sobre o sul do Brasil, como a de que chuvas torrenciais impediam o sobrevôo de Porto Alegre. Por sua vez a Rede Nacional da Legalidade noticiava que o vice-presidente viria de automóvel. Informação falsa para despistar...
O responsável pela aquitetada “Operação Tática” foi o tenente Generoso Resende Lacerda, porém todas as ordens e mensagens enganosas ou não para o resto do País, foi sob o comando do Tenente-Coronel-Aviador Alfeu de Alcântara Monteiro.





João Goulart oficializou sua concordância a emenda parlamentarismo. O Congresso Nacional em dois de setembro de 1961 aprova a Emenda Constitucional nº 4 que permitiu a João Goulart assumir o poder. Em sete de setembro é empossado e escolhe Tancredo Neves como seu Primeiro-Ministro.
A importância dos acontecimentos de Canoas foi demonstrada pelo fato de que a base Aérea começara as comemorações do Sete de Setembro seguinte, quando a crise da posse de Goulart já estava resolvida. Às nove da manhã houve desfile que homenageavam as autoridades que para lá se dirigiram: o governador Brizola, o General Machado Lopes, o Comandante de a Brigada Militar e o Arcebispo do Rio Grande do Sul. No fundo, foram homenageadas os praças, sargentos, suboficiais e oficiais legalistas da Base. Na foto o Tenente-Coronel-Aviador Alfeu de Alcântara Monteiro tem lugar de destaque.





Depois da posse do Presidente João Goulart o coronel Alfeu chegou a ser piloto do avião presidencial. Logo em seguida foi nomeado Superintendente da Superintendência do Plano da Valorização Econômica da Região da Fronteira Sudoeste, que abrangia os estados sulinos juntamente com o Estado de Matogrosso (hoje, na região, Mato Grosso do Sul). Em 11 de outubro de 1962. Em 20 de janeiro de 1963 deixa a Superintendência e volta para Porto Alegre. Assume o Sub-Comando da Base Aérea de Canoas.






Os tempos perturbados pareciam submergidos. No entanto um fato novo veio modificar um pouco o panorama político. Em 6 de janeiro de 1963, um plebiscito escolheu a volta ao presidencialismo. João Goulart com larga margem de votos governa como Presidente do Brasil de 24 de janeiro de 1963 a 31 de março de 1964.
A volta ao presidencialismo foi o começo do fim do governo Goulart. Tensões sociais se propagavam no país. Influências externas corrobolaram para acirrar os ânimos.
Os golpistas voltaram à tona.
No dia 13 de março de 1964, Jango discursou na Central do Brasil perante 150 mil pessoas, entre elas eu presente, onde anunciou reformas nacionalizando as refinarias de petróleo e desapropriações de terras para implantar a reforma Agrária, no Brasil.
Foi o estopim.
Em 19 de março foi organizada a Marcha da família com Deus pela Liberdade, com a finalidade de mobilizar a opinião pública contra as políticas do presidente Jango, que levariam a instalação do regime comunista no Brasil. dedo dos Estados Unidos da América incrementaram esse receio, COMUNISMO!
O estopim acendeu logo após a revolta dos marinheiros e do discurso no Automóvel do Brasil. Era 31 de março de 1964. Explode a Revolução Redentora, a gloria dos militares. Golpearam a democracia. Jogaram o Brasil no buraco.
Derrubaram o Presidente João Goulart. Jango refugiou-se no Rio Grande do Sul.
No dia 2 de abril, o Congresso Nacional declarou a vacância de João Goulart da presidência.
O Presidente deposto sem mais alternativas no dia quatro de abril de 1964, parte para o exílio no Uruguai.
No mesmo dia de sua partida, em 4 de abril de 1964, o Tenente-Coronel-Aviador Alfeu de Alcântara Monteiro morria assassinado pelo sobrinho do Presidente CASTELLO BRANCO, Coronel-Aviador Roberto Hipólito da Costa, na Base Aérea de Canoas.




Epílogo

5 de abril de 1964
A bordo do avião da Varig que nos conduzia para Porto Alegre, onde meu marido, Alfeu seria enterrado, meus filhos permaneciam em silêncio. Inconsoláveis. E eu recordava com imensa tristeza os últimos acontecimentos daquele ano de 1964. Fazia pouco tempo que nós, Alfeu e eu, havíamos resolvido voltar a vivermos juntos novamente. Decisão de separarmos fora minha. Superamos nossa crise conjugal, ao constatarmos que separados não fora solução para sermos felizes. Separações nem sempre são irremediáveis. A reconciliação é sem dúvida muitas vezes o melhor caminho para a felicidade do casal que tem uma e história de vida. E assim estávamos vivendo essa nova fase no maior enlevo. A contemplação de perspectiva de uma vida juntos nos encheu de alegria juntamente com nossos filhos, que exultavam com a possibilidade de terem o pai de volta a sua convivência. Minha tristeza era imensa. Não conseguia parar de chorar. Todos planos de recomeçar vida nova haviam se dissipado estupidamente. Tivemos um passado. Não o futuro...
Foi em estado choque que ouvirmos o noticiário pelo repórter Esso de que o Alfeu havia sido ferido num incidente na Base Aérea de Canoas, da 5ª Zona Aérea, Rio Grande do Sul. Sem maiores detalhes do que de fato ocorreu sofremos a noite toda a espera de algum comunicado oficial sobre os acontecimentos, coisa que não tivemos.
Apenas alguns amigos militares conseguiram algumas informações extra-oficiais a respeito do incidente. Angústia terrível. Sentimos o desamparo na flor da pele. A falta de consideração por parte das autoridades militares da Aeronáutica com relação às famílias das vítimas da Revolução de 64 evidenciou um ato desumano. A crueldade e descaso para com parentes de vítimas foi incrivelmente dolorosa. Palavra de conforto nenhuma! Informação alguma. Desconsideração, quanto mais que, no caso, o Alfeu era inocente, pois estava de partida para o Rio de janeiro onde se matriculara no curso da ECEMAR. E já se encontrava em trânsito de 30 dias para se apresentar.
Desesperada eu e meus filhos queríamos estar junto dele pela última vez. Não conseguíamos avião para Porto Alegre de maneira alguma. Os golpistas haviam cancelados todos os vôos para aquela cidade. Só foi possível viajarmos depois de vários telefonemas junto às autoridades para permitir que fôssemos num vôo cedido pelo Rubem Berta presidente da VARIG e amigo íntimo do Alfeu.
Chegamos atrasados ao enterro. Desolados e ainda sob o impacto dos acontecimentos não conseguíamos entender a brutalidade daquele crime. O que nos deixava perplexos era o fato do Alfeu desta vez não ter tomado parte ativa na revolução. Razão tinha sido excluído e desligado daquele QG em 31.3.64, com 30 dias de trânsito, à vista de ordem de matrícula em Curso da ECEMAR. Portanto ele já havia passado antes de 4 de abril de 64 o comando da 5ª Zona Aérea da Base Aérea de Canoas ao Maj. Brig do Ar Nelson Freire Lavanére-Wanderley, dentro das normas protocolares, regulamentos militares sem o menor incidente. Logo após a cerimônia de transmissão ao novo Comandante, foi para casa...
Sábado a noite de 4 de abril de 64, naquele dia, ele estava na Rua da Praia quando foi convocado para comparecer a sala do comandante por ordem do Major Brigadeiro Wanderley. Fechados na sala se encontravam presentes quatro militares entre eles o Coronel-Aviador Leonardo Teixeira Collares, Chefe do Estado maior da 5ª Zona Aérea. Amigo do Alfeu como eram desde a época em que eram cadetes. (Suponho te continuado amigo)
O Collares foi convocado juntamente com o major aviador Pirro de Andrade a presenciar a entrevista que o novo Comandante Lavanére-Wanderley iria ter com o Alfeu. Acredito que o Collares não teve ciência de que a entrevista seria para prender o Tenente-Coronel-Aviador Alfeu de Alcântara Monteiro. O Brigadeiro Wanderley havia determinado a prisão de todos legalistas, faltava apenas o meu marido.
O Alfeu quando recebeu a ordem para comparecer à Base Aérea pressentiu o motivo, daquela convocação. Tanto que desconfiado comentou na cantina dos oficiais com outros colegas enquanto aguardava à hora para apresentar-se ao novo comandante.
-Se ele achar de me prender, não me entrego.
Assim que o Alfeu se apresentou diante do novo comandante, Major-Brigadeiro-do-Ar Nelson Freire Lavanére-Wanderley, que se achava sentado na mesa do comando, que já pertencera ao Alfeu, simplesmente comunico-lhe que agora ali era ele quem dava as ordens! Ato contínuo abriu a gaveta para pegar a pistola e dar voz de prisão e não lhe dando permissão para viajar para o Rio de Janeiro onde iria fazer o Curso do Estado maior das Forças Armadas, ECEMAR. Com a mão ainda dentro da gaveta informou-lhe:
“Coronel considere-se detido em nome da Revolução”. Alfeu recuou alguns passos olhou para o Collares e lhe disse: “Jamelão (apelido carinhoso do Colares) afaste-se daí.” E voltando-se para o Brigadeiro gritou:
-Retire esta ordem! É ilegal. Eu estava defendendo a autoridade legítima eleita pelo povo. Tu não podes me prender. Não fico preso sem motivo. Daqui só saio morto.
De costas ia se afastando armado quando foi surpreendido pelo Cel. Av. Roberto Hipólito da Costa que abrira a porta do gabinete chegando ali repentinamente. Hipólito tentou broquear-lhe o caminho não sendo atendido não hesitou. Fuzilou-o à queima-roupa pelas costas. Segundo testemunhas o coronel já ferido mortalmente com várias balas de arma de fogo, virou-se de frente para seu algós, que disparou nova rajada de tiros atingindo-o desta vez pela frente. Alfeu com a arma na mão disparou a esmo, atingindo acidentalmente o Major Brigadeiro do Ar Nelson de raspão, na cabeça. O Coronel Hipólito que estava agachado em posição de atirador não foi atingido. Os tiros que o Brigadeiro recebeu na testa prova que o Alfeu já estava caído quando revidou a agressão do Hipólito fato que vem corroborar que se o Alfeu tivesse atirado de imediato no Brigadeiro ele estaria morto. Mesmo por que quem está armado de frente para uma pessoa é impossível não matá-la, quanto mais que o Alfeu era exímio atirador. O exame de balística sugere que os tiros do Alfeu foram de baixo para cima, confirmando que a vítima já estava ferida. A trajetória da bala que atingiu o Brigadeiro pode não ter sido a do Alfeu. O que se confirmou foi o laudo de necropsia que atesta que meu marido foi atingido por tiros disparados de uma posição fora de seu campo de visão.
O Alfeu caído, ferido e ensangüentado foi largado em frente à escrivaninha da sala do comando. Ninguém que tentasse socorrê-lo. Até sua mão foi ferida. (Prova que foi ferido pelas costas)
Aliás, houve até certo cerceamento no sentido de que não fosse socorrido na Base Aérea, onde inclusive naquele momento trágico se encontrava o Dr. Medeiros médico militar...
Só foi assistido devido a fato de alguns sargentos tentarem se sublevar quando souberam do crime. Então acorreram para socorrer-lhe. Os golpistas diante daquele impasse permitiram que um cabo chamado Reck o levasse para o Pronto-Socorro em Porto Alegre.
Lá ainda chegou com vida tendo sobrevivido por meia hora depois de dois plantonistas tentarem estancar a hemorragia galopante devido às perfurações...
Estes fatos me foram relatados por uma freira que estava presente no momento em que o Alfeu chegara ferido no Pronto-Socorro. Disse-me ela que ele não comentou o acidente. Apenas comentou que sua mulher e filhos moravam no Rio de Janeiro. Depois lhe disse: “Matam meu corpo, porém minha alma é livre”, ”Tenho minha consciência tranqüila, porque morro no cumprimento do dever.”
E assim morria, às 23h55m: do dia 04 de abril, serenamente um herói.
Os dois médicos que atenderam meu marido não quiseram comentar o acidente com receio das conseqüências.
No relato do livro de Nilmário Miranda “dos filhos deste solo”, há a discrição do fuzilamento do Alfeu com uma rajada de metralhadora pelas costas.
Para abafar o assassinato brutal. O próprio Presidente Castello Branco, pessoalmente tratou de abafar o episódio. O Jornal Correio do Povo de Porto Alegre noticiou no dia seguinte que o corpo do coronel Alfeu de Alcântara Monteiro estava sendo velado na Base Aérea de Canoas. A causa não foi indicada. (É obvio)
Pouco tempo depois deste trágico e vergonhoso crime, o Coronel-Aviador Roberto Hipólito da Costa (sobrinho do Presidente Castelo Branco seria mandado para uma longa missão em Washington, Estados Unidos. Inclusive para ficar longe do repúdio dos colegas que lamentaram profundamente seu ato.
Enquanto o Major-Brigadeiro Nelson Freire Lavanére-Wanderley logo após o crime recebia a pasta de Ministro da Aeronáutica do próprio Presidente Castelo Branco. Cargo que, no entanto, permaneceu pouco tempo. Em 14 dezembro de 1964 solicitou exoneração. Inconformado com a solução que o Presidente Castelo Branco resolveu sobre o incidente de Tramandaí, permitindo que a Marinha continuasse tendo o comando da aviação embarcada nas operações navais e a Aeronáutica conservasse o controle, quando se tratasse de operações internas. Essa medida foi considerada injusta pela FAB.
No dia 9 de abril o Ministério da Aeronáutica libera um Boletim de Serviço de Nº 65. A seguir: ”A Diretoria do Pessoal do Ministério da Aeronáutica, no dia 9 de abril de 1964 – Rio de Janeiro, publica – Boletim de Serviço Nº 65 PARA CONHECIMENTO DO PESSOAL DA AERONAUTICA E DEVIDA EXECUÇÃO PUBLICO O SEGUINTE: PRIMEIRA PARTE – SERVIÇOS DIÁRIOS E INSTRUÇÃO (9 Sem alteração) SEGUNDA PARTE – PESSOAL – I –TRANSCRIÇÃO DE RÁDIO: Transcreve para os devidos fins, o seguinte rádio: COLV JJ PESAER SERJ//242/AX0503-ESTE COMANDO CUMPRE O DOLOROSO DEVER COMUNICAR FALECIMENTO EM SERVIÇO TEN CEL AV O5 ALFEU DE ALCANTARA MONEIRO ADIDO ESTE QG VG OCORRIDO ABR 64 PT ZONAER 5. (a) Major Brigadeiro do Ar-JOSE DE SOUZA PRATA-Diretor Geral do Pessoal - CONFERE COM ORIGINAL: (a) H.M.FONSECA E SILVA – Maj. av. impedimento do Chefe do Gabinete//////////////////////////////////////////////////////////////////////////

CONFERE COM O ORIGINAL DO BOLETIM da DIRETORIA DO PESSOAL DA AERONÁUTICA.
(DP2) 17 de junho de 1964.
________________________
PAULO SALGUEIRO
Ten. Cel. Av-Chefe da 2ªDivisão

O Presidente da República
Resolve considerar promovido ao posto de Coronel, em 05 de abril de 1964, nos termos do artigo 1º da Lei nº 288, de 08 de junho de 1948, o falecido Tenente-Coronel-Aviador – ALFEU DE ALCÂNTARA MONTEIRO, ficando assegurados aos seus herdeiros os direitos decorrentes do posto a que é considerado promovido, a partir da data do óbito, visto haver cumprido missões de patrulhamento no Atlântico Sul.
Brasília, DF, 22 de julho de 1964; 143º da Independência e 76º da República.
Humberto de Alencar Castello Branco
Maj. Brig. Wanderley


Nota: Até março de 1964 conceberam-se pelo menos três atentados contra João Goulart. O primeiro veio à cabeça do tenente-coronel Roberto Hipólito da Costa comandante da base aérea de Fortaleza, em 1963. Tratava-se de abater o Viscount presidencial quando ele fosse ao Nordeste. Frustrado.
Outro foi descoberto e desativado pelo general António Carlos Muricy no dia 11 de março. Um major havia reunido gasolina e oficiais para incendiar o palanque do comício da central, no dia 13, com o presidente da República e a cúpula do governo em cima. Muricy, o conspirador que duas semanas depois comandaria as tropas mineiras rebeladas, dissuadiu o major.
O terceiro atentado ocorreria durante o comício de Jango em Belo Horizonte, marcado para o dia 16 de abril.




CHEGADA EM PORTO ALEGRE
Em Porto Alegre vivemos aqueles momentos sob o impacto da tragédia e do terror que tinha se instalado no Rio Grande do Sul pelos golpistas. Praça de guerra. Pavor. Soldados armados com metralhadoras até os dentes intimidavam as pessoas como se nós fossemos criminosos. Nunca foi tão perigoso ser legalista como naquela época.
Era uma tarde cinzenta naquele cemitério vazio quando chegamos, eu e meus filhos, para apenas podermos olhar com tristeza o túmulo ainda recente onde jazia o corpo do Alfeu. Colocamos a coroa sobre o seu jazido e voltamos desolados e com a alma partida à casa do meu primo José Leite Cesarino e sua mulher Maria Amélia, que naquela ocasião trabalhava na Petrobrás como engenheiro.
No outro dia tentei me comunicar com o Collares que estava como Chefe do Estado Maior da 5ª Zona Aérea. Militares empunhado metralhadores nos impediram de chegarmos até ele.
Voltamos para o Rio de Janeiro desolado para convivermos com nossa dor...
Nota: A Sra. Sophia Helena, esposa do Brigadeiro Nelson Freire Lavanére Wanderley, compareceu juntamente com alguns militares, à missa de 7º dia que mandamos rezar para o Alfeu, no Rio de janeiro. “Disse-me que lamentava profundamente o incidente.”
Claro, visto que o Major Brigadeiro-do-Ar Nelson Freire Lavanère Wanderley não fora ferido mortalmente como sugere o (torturador) - Cel-Carlos Alberto Brilhante USTRA, em seu Livro “A verdade sufocada”.
A seguir prova em contrário:
No dia 6 de abril de 1964, O Maj. Brig. assinava comunicado em Boletim de Nº 65, Falecimento de Oficial Superior Alfeu de Alcântara Monteiro, às 23h55minas do dia 04 corrente, no Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre.
(a) Maj. “Brig. do Ar – Nelson Freire Lavanère-Wanderley – Comandante”
Quem conferiu esse comunicado foi o Cel. Av. Leonardo Teixeira Collares – Chefe do Estado Maior da 5ona Aérea.
Comunicado assinado dois após a morte do Alfeu. Portanto o Major Brigadeiro estava em perfeito estado de saúde. Caso contrário não estaria trabalhando e sim hospitalizado.

BIOGRAFIA
ALFEU DE ALCÃNTARA MONTEIRO nasceu em Itaqui, Rio Grande do Sul, em 31 de março de 1922.
Em 1941 ingressou na Escola Militar de Realengo, no Rio de Janeiro, e em 1942 passou para a escola da Aeronáutica, de onde saiu aspirante em 1943, dignado para servir na base aérea de Fortaleza, quando fez patrulhamento no Atlântico Sul. Fez uma carreira marcada por elogios oficiais. Recebeu louvores individuais em diversas ocasiões. Em 1946 já era Tenente-. Aviador e estava na Base Aérea de São Paulo. Em 1947 estava de volta à Escola de Aeronáutica, no Rio de Janeiro, onde recebeu louvor, destacando-se suas qualidades de caráter e esmerada educação, aliadas à correta noção de disciplina e dos assuntos profissionais, colocando-o entre os oficiais de escol da FAB. Em 1948 serviu em Natal, Rio Grande do Norte.
Por seus méritos integrou a equipe de oficiais aviadores que, em 1948, foi buscar aviões de combate adquiridos nos Estados Unidos. Nos 10 anos seguintes serviu em Natal, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. Recebeu vários elogios em sua folha de serviço por participação em eventos esportivos e em manobras de campo, simulando combates. Muitos desses elogios ressaltam sua capacidade de superar as dificuldades e precariedade provocada por falta de suprimentos ou aparelhos adequados.
Em 1957 recebeu por escrito do Brigadeiro-do-Ar Nelson Freire Lavanére Wanderley, do Comando da Primeira Zona Aérea. (Pivô da morte do Alfeu, em 1964, na Base Aérea de Canoas, Porto Alegre).
Em 1958 fez curso do Estado Maior da Aeronáutica no Rio de Janeiro. Em 1959 passou a integrá-lo. Em dezembro desse mesmo ano estava servindo na Subseção do Exterior do Comando de Segurança nacional. “Nos elogios recebidos em sua folha de serviço, nesta função destacam-se os seguintes termos e expressões: personalidade marcante”, “destacado piloto da FAB”, “impecável apresentação”, “correção e franqueza de atitudes”, “discreto, trabalhador e inteligente! “espírito de cooperação”. Diz o elogio de 27 de julho de 1960: “Embora constantemente solicitado para cumprir deveres como piloto da FAB, tem dia seus encargos.”
Em 31 de janeiro de 1964 recebeu o que provavelmente seria seu último elogio oficial, da parte do General de Divisão Ernestino Gomes de Oliveira, Diretor Geral da Saúde do Exército, nos seguintes termos: O Tenente-Coronel-Aviador Alfeu de Alcântara Monteiro, oficial disciplinado, competente e proficiente, comandou com destreza e perfeição o transporte de que utilizei. Sempre pronto para o serviço, o Tem. Cel. Deu demonstração cabal de pontualidade e de espírito militar. “Louvo, pois o Ten. Cel. Alfeu e auguro o melhor êxito em sua brilhante carreira”. Tudo isto consta da sua folha de serviço.
Recebeu Diploma de a Medalha Militar em 23 de abril de 1964.




A Câmara Municipal de Porto Alegre- RÓTULA – Em conjunto, Raul Carrion (PCdoB) e Manuela d’Ávila (PCdoB) apresentam o nome de Rótula Tenente-Coronel_Aviador Alfeu de Alcântara Monteiro ao Logradouro, cadastrado como Rótula 2.028, situado ao entroncamento das avenidas Severo Dullius e das Indústrias. O homenageado foi morto por uma rajada de metralhadora em 4 de abril de 1964 na Base Aérea de Canoas (Proc.4414/06) Hélio Panzenhagem (reg.prof.7154) Câmara Municipal de Porto Alegre.

Bibliografia

DESAPARECIDOS POLÍTICOS-Rrinaldo Cabral, Ronaldo lapa
DIREITO Á MEMÓRIA E A VERDADE -
1964: GOLPE OU CONTRAGOLPE?-Hélio Silva
RESERVATIVA – Falsas versões geram indenizações absurdas.
CARTA MAIOR - Flávio Aguiar.
BRASIL ACIMA DE TUDO.
SENTANDO A PUA!
LEGALIDADE – clicRBS.
JOÃO GOULART—urs. bira-LITERATURA &Leitura.
QUE DIA É HOJE?-Renúncia do Presidente Jânio Quadros-iG Educa.
FOLHA DA TARDE-Rebeldes Ameaça Derrubar Avião de Jango
A REVOLUÇÃO OU GOLPE DE 1964-Eustáquio Lagoeiro Castelo Branco
ULTIMA HORA-Sargentos da FAB Impediram Ontem O Bombardeio do Palácio Piratini.
Jornal do UNIFICADO- Imagens, Porto Alegre. Maio de 1991
RELATÓRIO AZUL DE 1995
ACERVO DA LUTA CONTRA A DITADURA
A HISTORIA PELA ÓTICA DA ANIMOSIDADE - Jarbas Passarinho - Jornal do Brasil-9 de dezembro de 2003.
DOSSIÊ dos Mortos e Desaparecidos Políticos a partir de 1964
MÍDIASEMMÁSCARA-Você Sabia?
NADA A VER-Ida Duclós
A VERDADE SUFOCADA-A história que a esquerda não quer que o Brasil conheça. -Cel. Carlos Alberto Brilhante Ustra- (Torturador)
PORTAL DA CIDADANIA - Brasil Agora
FGV-CPDOC - General Machado Lopes –Entrevista.
GOVERNO DE JUSCELINO KUBISTCCHEKATÉ A REVOLUÇÃO DE MARÇO DE 1964-Uma breve história - Manoel Cambeses Junior - Cel.Av. RR.
DECRETO Nº 2.318, de 5 de setembro de 1997-PR
GOLPE MILITAR: 40 anos - Flávio Wolf Aguiar
A DITADURA DERROTADA-A brasa que (ainda) cega - Luiz Cláudio Cunha.
BR PETROBRAS – Verbete Biográfico - Revolução de 1964, O ensaio golpista de 1961.
DIÁRIO OFICIAL- de 12 de outubro de 1962.
TORTURA NUNCA MAIS – Referências a Alfeu de Alcântara Monteiro
Mortos e Desaparecidos Políticos – Ficha Pessoal – Alfeu de Alcântara Monteiro.
Transcrição de trechos dos livros e artigos publicados nos meios de comunicação





Página nº 561-
Metralhado pelas costas
Alfeu D’Alcântara Monteiro
“A Comissão Especial reconheceu por unanimidade o caso de Alfeu D’Alcântara Monteiro. O General Alfredo Gomes manifestou o desejo de mudar o seu voto. Alfeu era coronel aviador. Foi fuzilado no dia de abril de 1964, na Base Aérea de Canoas, Rio Grande do Sul.
A perícia médica constatou que foram assassinado pelas costas por uma rajada de metralhadora, tendo sido encontrado 16 projéteis no seu corpo.
Com base nessa perícia e nos depoimentos de vários oficiais que presenciaram o assassinato, a família moveu processo incriminando o principal responsável e autor dos disparos, o então coronel Roberto Hipólito da Costa, que apesar das inúmeras evidências, foi absolvido.”
A seguir na página 626 temos fotos.







Páginas 139 e 140
“A notícia da ordem de bombardeio da cidade transpirara. O Governador Brizola aproveitara o motivo para incitar o povo. O nervosismo contagiante começou a pôr em perigo as instalações da Aeronáutica em Canoas e em Gravataí
O Brig. Passos telefonou para o Ministro Moss, em Brasília, relatando a situação em face da pretensa ordem de bombardeio. O Brig. Moss declarou que jamais havia dado essa ordem.
Por volta do maio-dia do dia 28, o Gen. Machado Lopes telefonou ao Brig. Passos para revelar que havia adotado a tese política do Governador Brizola, estando mesmo de volta do Palácio Piratini, onde fora fazer tal comunicação.
Ante a situação dos sargentos da Base Aérea, o Brig. Passos resolveu recorrer ao auxílio do Exército. Os comandos da Base Aérea de porto Alegre e o Esquadrão de jatos haviam perdido o controle e autoridade sobre os sargentos; assim o Brig. Passos, apesar de estar em desacordo com a decisão tomada pelo Gen. Machado Lopes, solicitou ao Comandante do III Exército que mandasse tropas para a Base, a fim de restabelecer a ordem naquele local.
Pela manhã do dia 28, O Exército havia ocupado a Base Aérea e efetuado a prisão dos sargentos.
O Gen. Machado Lopes permitiu que o Brig. Passos evacuasse os jatos, além de dar-lhes todas as garantias. Logo após a decolagem dos aviões, o Comandante da 5ª Zona Aérea deixou Porto Alegre a caminho do Rio de Janeiro. “Ficou responsável o Ten. Cel. Alfeu de Alcântara Monteiro que para grande surpresa do Brig. Passos, aderiu ao movimento do Governador Brizola, sendo seguido pelo novo Comandante da Base de porto Alegre, Maj. Mario de Oliveira.”





Página 254 -- Lira Neto relata:
“Seria uma “Revolução” praticamente sem tiros.Uma exceção aconteceria na Base Aérea de Canoas, no Rio grande do Sul, onde o Brig. Linha-dura Nélson Feire Lavanère-Wnderley assumiu o Comando da 5ª
Zona Aérea, logo após a derrubada de Jnago. No dia 4 de abril, Wanderley chamou em seu gabinete o comandante deposto, tenente-coronel Alfeu de Alcântara Monteiro, para oficializar sua destituição.
-Se ele achar de prender, não me entrego-comentou Monteiro na cantina dos oficiais, enquanto aguardava a hora marcada para apresentar-se ao novo comando.
A “cerimônia” de transmissão foi rápida. Sentado atrás do bir^que já pertencera a Monteiro, Wanderley simplesmemte comunicou que agora era ele queme dava as ordens por ali. Nisso, abriu a gaveta para pegar a pistola e dar voz de prisão ao ex-comandante. Com a mão ainda dentro da gaveta, informou que o tenente-coronel ficaria detido em nome da “Revolução”. Monteiro recuou dois passos e gritou:
- Retire esta ordem! Eu estava defenddendo a autoridade legítima, eleita pelo povo. Tu não podes me prender.
O tenente-coronel abriu a porta e saiu, repentinamente, esbrarrando na ante-sala com o Coronel Roberto Hipólito da Costa, o sobrinho de Castello Branco, que estava servindo naquela guarnição. Hipólito tentou bloquear-lhe o caminho, mas Monteiro forçou a passagem e voltou logo em seguida, com uma pistola 45 na cintura. Entrou chispando no gabinete de Lavanère-Wanderley, que a essa altura já estava com a arma em punho. D a sala do ajudante-de-ordens, ouviram-se dois estampidos secos. Roberto apressou-se em abrir a porta e deparou com o Wanderley sangrando, ferido no ombro e na altura da orelha, Monteiro havia atirado primeiro. Hipólito não hesitou. Fuzilou-o pelas costas.
Castello, pessoalmente, tratou de abafar o episódio. O jornal Correiro do Povo, de porto Alegre, noticiou no dia seguinte que o corpo do coronel Alfeu de Alcântara Monteiro estava sendo velado na Base Aérea de Canoas. A causa da morte não rta indicada. Em pouco tempo, Roberto Hipólito seria mandando para longa missão nos Estados Unidos. E lavanère recebera o cargo de ministro da Aeronáutica das mãos de Castello Branco.
Obs: Neste livro de Lira Neto, a versão relatada por ele sobre os acontecimentos ocorridos no dia do assassinato do Alfeu está completamente equivocada. Como se demostra a seguir;
1º) O Alfeu estava desligado e exclído daquele QG, confome cópia autêntica de BOLETIM Nº 65 que declara: ”MINISTÉRIO DA AERONÁUTICA – QUINTA ZONA AÉREA - QUARTEL GENERAL – CANOAS, 6 DE ABRIL DE 1964 – BOLETIM Nº 65 – PARA CONHECIMENTO DAS UNIDADES SUBORDINADAS A ESTE COMANDO E DEVIDA EXECUÇÃO, PÚBLICO O SEGUINTE.-. I PARTE = SERVIÇOS E DEVIDA INSTRUÇÃO II PARTE = PESSOAL......6 – FALECIMENTO DE OFICIAL SUPERIOR. Em Parte s/nº, desta data, o Maj Med Aer Dr MIGUEL GUERRA BALLVÉ, comunicou o falecimento as 23:55hs do dia 04 do corrente, no Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre, do Ten Cel Av ALFEU DE ALCÃNTARA MONTEIRO, excluído e desligado deste QG em 31,3,64, com 30 (trinta) dias de trânsito, à vista de ordem de matrícula em Curso da ECEMAR e que permaneceu nesta Unidade em fase do que prescrerve o art342 do RISAER............III PARTE ASSUNTOS GERAIS E DE ADMINISTRAÇÃO..........IV PARTE – JUSTIÇA E DISCIPLINA............”(A) Maj Brig do Ar – NELSON FREIRE LAVANÉRE-WANDERLEY – Comandante”
CONFERE COM O ORIGINAL:
LEONARDO TEIXEIRA COLLARES
Coronel Aviador – Chefe do Estado Maior
Da 5º Zona Aérea
2º) Portano o coronel Alfeu de Alcântara Monteiro já estava destituído do posto.
3º) Sendo assim a carimonia de trasnmissão de cargo já havia sido realizado antes de 04 de abril. Mesmo porque não faz passagem de comando dentro de sala fechada.
4º) Pergunta-se voltou de onde? Como e onde conseguiu essa pistola em tão poucos minutos? Se ele tinha saído porque não queria ser preso, é de uma incoerrência, dizer que ele voltou para enfrentar o Brigadeiro, só na cabeça de golpista e que se pode engendrar tamanda inverdade.
5º) Suponhamos que o Alfeu tivesse voltado, pensar que um exímio atirador como era o Alfeu, iria errar dois tiros e não matar o Brigadeiro. A verdade é que o Brigadeiro saiu ileso, e quem morreu metralhado foi o tenente-coronel Alfeu de Alcântara Moneiro, prova que foi uma emboscada para matá-lo. Ninguem se arma de antemão ao convocar um oficial superior, sem mais aquela, e já com a mão dentro da gaveta em busca de arma, a troco de que? Neste crime prova-se que houve intenção premeditada de matar.
6º) O fato é que o Brigadeiro saíu são e salvo deste episódio tanto e que no dia 6 de abril ( dois dias depois do crime) assinava esse Boletim nº65 acima citado, juntamente com o Coronel-Aviador Collares.





Página 204 e 205 – deste livro de Flávio Tavares, lê-se:
‘Sob a pressão dos generais nacionalistas, o comandante do III Exército, com o QG em Porto Alegre, General Machado Lopes, ficou “com a Constituição”, o que significava apoiar a posse do Vice-Presidente e, assim, somar-se a Brizola, o primeiro a tomar a iniciativa.Na Baese Aérea de Canoas, pistola em punho, o coronel-aviador Alfeu Monteiro depôs o comandante e assumiu o controle, com o apoio dos sargentos e dos poucos oficiais legalistas.
Obs: Não é verdade que o Coronel-Aviador Alfeu Monteiro tenha tomado o comando de assalto. Ele foi designado pelo General Machado Lopes para substituir o brigadeiro João Aureliano Passos, que voltou para Brasília com os 10 caças esvaziados.( sem as bombas). Prova destes fatos relatado em todos os depoimentos do General Machado Lopes.





Obs: Neste livro, Hélio Silva, omite o assassinato histórico do Coronel Alfeu de Alcântara Monteiro. Na página de nº 405, escreve sobre o ”Dia 2 de abril”, mas omite acontecimentos relevantes, como a morte do Alfeu, no dia 4 de abril, na Base Aérea de Canoas, pelo Coronel-Aviador Roberto Hipólito da Costa.




Obs:Neste livro Elio Gaspari omite também os acontecimentos de 4 de abril de 1964, dia em que o tenente-coronel aviador Alfeu de Alcântara Monteiro foi assassinado pelo coronel Roberto Hipólito da Costa.Embora soubesse perfeitamente da atuação do Cel Av Alfeu de Alcântara Monteiro nos acontecimentos no ano de 1961 ao lado do Governador Brizola. Porque omitiu esse fato?




Página nº 132 no roda pé, Elio Gaspari relata:
“Dos vinte mortos de 1964 só um, de acordo com a versão oficial, morreu em confronto armado. No dia 4 de abril, o coronel Hipólito da Costa matou a tiros seu colega Alfeu de Alcântara Monteiro. Dados de Nilmário Miranda e Carlos Tibúrcio, Dos filhos deste solo, p.311.”






Obs: Neste meu livro “Eu e os cadetes da Escola Militar” Demonstro todo meu encantamento com relação aos militares. Reafirmo que minha admiração pelos militares, apesar de todos esses acontecimentos continua intacta!


















ATENTADOS

“Até março de 1964 conceberam-se pelo menos três atentados contra João Goulart. O primeiro veio à cabeça do tenente-coronel Roberto Hipólito da Costa, comandante da base de aérea de Fortaleza, em 1963. Tratava-se de abater o Viscount presidencial quando ele fosse ao Nordeste. Frustrado.”
O perfil violento do Coronel Hipólito da Costa e sua tendenciosa atitude ante-democrática já estava marcada no seu caráter.
Outro foi descoberto e desativado pelo general Antonio Carlos Muricy no dia 11 de março. Um major havia reunido gasolina e oficiais para incendiar o palanque do comício da central, no dia 13, com o presidente da República e a cúpula do governo em cima. Muricy, o conspirador que duas semanas depois comandaria as tropas mineiras rebeladas, dissuadiu o major.
O terceiro atentado estava ocorreria durante o comício de Jango em Belo Horizonte, marcado para o dia de 16 de abril.
“Na página 132 no roda-pé de “A DITADURA ENVERGOGADA” em fonte minúscula Gaspari cita” Dos vinte mortos de 1964 só um, de acordo com versão oficial, morreu em confronto armado. No dia 4 de abril, o coronel Roberto Hipólito da Costa matou a tiros seu colega coronel Alfeu de Alcântara Monteiro.
:
DEPOIMENTO DO GENERAL MACHADO LOPES




Apresentação




Módulos de artigos




Do Rio Grande do Sul
para a política nacional




No Governo Vargas




Vice-presidente de JK




A campanha presidencial
de 1960




Vice-presidente de Jânio Quadros




Na Presidência da
República




A conjuntura de
radicalização ideológica
e o golpe militar




Exílio no Uruguai





Ministérios




Biografias




Depoimentos




Galeria de fotos














Atividades no governo João Goulart: militar; comandante do III Exército (1961); chefe do Departamento de Provisão Geral do Exército (1961-1962); chefe do Estado-Maior do Exército (1962-1963) ■ Data da entrevista: 18/6/1986 a 29/7/1986 ■



Entrevistadores: Nara Azevedo de Brito, Marcos Luís Bretas e Plínio de Abreu Ramos
Em 1961, no início do governo de Jânio Quadros, fui designado pelo Denys para comandar o III Exército. Jânio era um homem indecifrável, não se podia aceitar nada do que ele dizia, mas ele tinha boas idéias. Lamentavelmente fez aquele disparate de renunciar, sem razão de ser, querendo voltar. Para mim ele queria voltar como ditador. Pensava que o povo ia exigir a volta dele, e não houve isso.
Tomei a decisão [de apoiar a posse de João Goulart] para evitar um mal maior, porque se eu fosse contra a posse eu iria começar uma revolução no Rio Grande que se espalharia por todo o Brasil. João Goulart já havia sido eleito duas vezes vice-presidente da República e nunca ninguém contestou.
Eu sabia que o Peri Bevilacqua, que comandava a 3ª Divisão de Infantaria em Santa Maria, e o Oromar Osório, que comandava Uruguaiana, eram muito ligados ao Brizola. Peri jantava com ele pelo menos uma vez por semana. Então Brizola, apoiado por eles em Santa Maria e em Uruguaiana, levantaria a Brigada Policial, eu teria que combatê-los, e começaria uma revolução no Rio Grande do Sul. Era o que o Muricy queria. Seria uma guerra fratricida, que se alastraria por todo Brasil, sem nenhum resultado prático, porque João Goulart estava muito apoiado pelo povo. Era preferível tomar uma decisão que apoiasse João Goulart e que evitasse justamente essa guerra. Foi o que eu fiz. Fui mais político do que militar nessa solução.
Eu não tinha relação nenhuma com o Brizola, não me dava, achava que ele era um demagogo, como acho até hoje, nunca lhe dei importância. Mas quando houve aquela Cadeia da Legalidade em Porto Alegre, eu o chamei, porque ele começou a agitar o povo, e os comunistas começaram a se infiltrar. Então peguei uma divisão de blindados que tinha em Bagé e levei para Porto Alegre, para agir contra os comunistas se fosse necessário. E o Brizola sabia disso. Depois resolvi tomar uma decisão política que evitasse uma guerra e foi o que fiz. Lá pelo dia 29, tive que apoiar Brizola.
Quem comandava a Aeronáutica lá era o brigadeiro Aureliano Passos e nós nos dávamos muito. Um dia ele disse: "Machado, recebi ordens de utilizar meus aviões em vôos rasantes sobre o Palácio Piratini e, se necessário, bombardeá-lo." Perguntei: "Você vai cumprir essa ordem?" E ele respondeu: "Não, não vou."
No dia seguinte recebi ordens do Denys de, aproveitando os aviões do Passos, bombardear o Palácio Piratini. Chamei o Passos e disse: "Também recebi essa ordem, mas você me disse que não vai cumpri-la. Muito bem. Vou tomar uma decisão." Aí ele disse: "Mas agora eu sou contra. Sou contra porque não sou favorável a esse homem. O senhor me considere preso." Perguntei: "Mas quem foi que o prendeu?" Ele perguntou: "Quer dizer que posso sair de Porto Alegre?" Ele tomou um avião, botou a família, e veio para o Rio. Foi embora. Aí assumiu o Alfeu, (Ten.Cel.Av.) que era ligado a mim, e nós mandamos desarmar todos os aviões que estavam armados, prontos para bombardear o Palácio Piratini. Eu tinha receio que os sargentos não obedecessem ao comando.
Comuniquei ao Denys que, daquele momento em diante, eu não recebia mais ordens dele, que eu ia agir por conta própria. Falei com o Orlando Geisel, seu chefe-de-gabinete. Ele é quem mandava no Denys.
[Havia o III Exército formal e o Denys montou no Rio de Janeiro um outro, em que o Cordeiro de Farias era o comandante.] Cordeiro me telegrafou: "Participo prezado amigo fui nomeado comandante do III Exército." Respondi: "Agradeço participação prezado amigo. Se aqui chegar será preso." Ele não foi. Eles não caíram na asneira, porque quando tomei a decisão, minha primeira providência foi mandar duas colunas invadirem São Paulo, por Ourinhos e Itararé, e mandei 50 emissários para São Paulo dizendo que eu estava revivendo a Revolução de 1932, pela Constituição. De modo que eu tomava São Paulo em marche au flambeau, e vinha para o Rio direto. Eu não me incomodava com a ação deles.
Jango me telefonou de Montevidéu perguntando como eu o receberia se ele se apresentasse no Brasil. Respondi: "Eu o recebo como vice-presidente que o senhor é." Ele, então, foi a Porto Alegre se entender comigo. Nos fechamos em uma sala, no Palácio Piratini, e começamos a conversar. Brizola foi posto à margem, não entrou na sala, porque eu queria ter uma conversa com Jango. Lembro que eu mostrei a ele que a única solução possível para a crise seria ele aceitar o parlamentarismo. Ele virou-se para mim e disse: "Eu aceito, mas estou na dúvida entre o Tancredo Neves e o San Tiago Dantas para primeiro-ministro."
Depois que o Jango concordou com o parlamentarismo, o Brizola disse: "Mas eu não concordo." Respondi: "Quem é o senhor para não concordar? Se o vice-presidente concorda em aceitar o parlamentarismo, o senhor não tem nada com isso. Se o senhor não aceitar vai ficar falando sozinho, porque eu vou apoiá-lo nessa solução." Aí ele disse: "Eu sou contra mas não vou fazer nada; se o Jango quiser aceitar o parlamentarismo, que aceite." E o Jango aceitou. O Jango, para mim, era um bom sujeito, mas teve a infelicidade de ter um anjo negro junto a ele, que foi o Brizola.
[Nos quartéis,] de um modo geral, não havia [uma reação ao nome de Jango]. Houve uma reunião de generais aqui no Rio, e eu soube, por intermédio de um amigo que tomou parte nessa reunião, que todos os generais concordaram com a solução do Jango assumir a presidência. Não houve reação. A reação estava nos três patetas: o Denys, o da Aeronáutica e o da Marinha. Esses é que eram os reacionários, os outros não.
Agora, a Revolução de 1964 foi uma revolução feita pelo povo. O estado-maior via a situação ruim em que se encontrava o país mas não interferia. A Revolução de 64 veio por imposição do povo contra a situação geral. Veio de Minas, chefiada pelo Mourão, mas quem atuou muito lá foi o Guedes, que deu cobertura ao Mourão. Era interessante ter um homem na frente, então ele botou o Mourão. Mas foi a mulher que foi para a rua, com o rosário na mão, contra os desmandos do dr. Jango, provocado pelo Brizola. Foi ele que levou João Goulart à situação de insolvência, permitindo a Revolução de 1964.











Finalizo este Memorial com o depoimento do General Machado Lopes que esclarece de vez todos esses acontecimentos. Encerro aqui este capítulo amargo de minha vida e de meus filhos.
:Neyde Guimarães Pinheiro Monteiro
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